Danielle Kiffer
Karl Zobel/ Stock Photos |
O pesquisador Gustavo Suarez alerta contra a prática esporádica e sem preparo de atividades físicas |
Pouco antes da competição acontecer, os voluntários da equipe de enfermagem passam um questionário aos competidores que tiverem interesse em participar da pesquisa. Eles respondem sobre sua alimentação e sobre sua rotina de preparo para a prática esportiva. “Perguntamos se ela tem algum tipo de acompanhamento de saúde, se dorme bem, dentre outras informações. São fatores importantes para que o competidor tenha boas condições para uma competição.”
Depois, a equipe colhe sangue do voluntário, afere sua pressão arterial, o pulso, a frequência respiratória e a temperatura. No final, a equipe segue os mesmos procedimentos, além de ajudar no tratamento de contusões e dores musculares, com aplicação de gelo, talas e curativos simples. “Repetimos o procedimento antes e depois do esforço físico intenso para estabelecermos uma comparação. Enviamos os resultados por e-mail.”
No exame de sangue são verificados os níveis de colesterol, glicose, triglicerídeos e também de lactato. O lactato é uma substância produzida pelo organismo após a queima da glicose para o fornecimento de energia sem a presença de oxigênio. Em atividades físicas de longa duração, o suprimento de oxigênio nem sempre é suficiente. O organismo então busca esta energia em fontes alternativas, produzindo o lactato. O acúmulo desta substância nos músculos pode gerar uma hiperacidez, que causa dor e desconforto logo após o exercício. Sua dosagem permite avaliar a intensidade de treinamento dos atletas. “Quanto mais intenso o esforço, mais lactato é produzido”, ensina.
Com os resultados das amostras de sangue, a ideia é contribuir com recomendações relevantes para o atleta em suas próximas atividades. Gustavo afirma que, no decorrer do projeto, tem percebido, por exemplo, um número elevado de pessoas com pressão alta antes dos eventos esportivos. “Muitas vezes é por causa da ansiedade de estar prestes a competir; mas, em inúmeras ocasiões, é também por despreparo do competidor, por uma alimentação inadequada, entre outros fatores”, conta.
O pesquisador, que acredita muito na parceria entre o esporte e a enfermagem, alerta para a importância de um acompanhamento da saúde para aqueles que querem praticar atividades físicas. “Mesmo que a pessoa só tenha tempo de se exercitar nos finais de semana, é importante que respeite seus próprios limites, sem excessos.” Gustavo recomenda que haja um preparo antes e que se procure aumentar a frequência da atividade física gradativamente. “Ninguém pega o carro para viajar a uma longa distância sem antes passar no posto e verificar se o veículo está em condições de percorrer longos quilômetros na estrada. Com o corpo humano é a mesma coisa”, finaliza.
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