terça-feira, 31 de maio de 2011

Anvisa libera vacina contra HPV para homens

Antes, apenas indicada para mulheres, a vacina contra o vírus HPV foi liberada pela Anvisa para meninos a partir de nove anos até homens com 26 anos. A nova resolução se deu a partir do aumento do número de casos de câncer de boca por sexo oral.
Vírus HPV não causa apenas o câncer de colo de útero ou o do canal anal, mas sabe-se hoje que é responsável também por um grande e crescente número de casos de câncer da boca e faringe (orofaringe). Nos últimos anos, tem-se identificado, com frequência cada vez maior, casos destes tipos de câncer em pacientes relativamente jovens, e que não tinham o hábito de fumar ou beber em excesso – o que causava a maioria dos casos de câncer há uma década atrás.
A disseminação do vírus para a boca e a orofaringe ocorre por sexo oral e, diferentemente do que acontece no câncer de colo de útero, no qual mulheres podem fazer prevenção periódica com o exame de Papanicolau, neste caso, homens e mulheres são expostos e não há testes preventivos ou de rastreamento existentes. Logo, as únicas maneiras de prevenção seriam restringir o número de parceiros e evitar a prática de sexo oral.
Como hoje já existem vacinas que protegem mulheres de contrair uma infecção crônica pelo HPV, condição que levaria mais tarde ao desenvolvimento do câncer, acredita-se que a vacinação (desde que efetiva contra os subtipos mais relacionados ao câncer, como HPV16) poderá ter um efeito preventivo também na transmissão do vírus por via gênito-oral, desde que a vacina seja usada por jovens de ambos os sexos.
Ao longo dos próximos anos deverão se difundir não só as recomendações de prática sexual segura, mas também a vacinação e, possivelmente, a detecção dos vírus mais relacionados ao câncer, com o intuito de acompanhar de maneira próxima os portadores e tratar as lesões em estágio inicial.
A incorporação das vacinas contra o HPV no Sistema Único de Saúde se justifica por mais esta prevenção, antes que o câncer de orofaringe atinja proporções epidêmicas, como é o caso do câncer de colo de útero em algumas regiões do país.

Fonte: Dr. Rafael Kaliks, oncologista do Instituto Albert Einstein

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