quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pesquisa da UFF evidencia lacunas na capacitação do profissional de enfermagem para o atendimento ao usuário de álcool e outras drogas

O estudo demonstra que a própria rede pública de serviços, e não apenas o enfermeiro, não atende às necessidades de saúde do usuário de álcool e outras drogas na perspectiva da integralidade da assistência. Entre as principais questões apontadas estão a falta de capacitação para o atendimento e o tempo não disponível em virtude do acúmulo de atividades na rotina diária do profissional de enfermagem, além da resistência ou não aceitação pelo usuário ao tratamento e as dificuldade de acesso ao atendimento.

A pesquisa “Atuação do enfermeiro na atenção ao usuário de álcool e outras drogas nos serviços extra hospitalares”, conduzida pela professora Cláudia Mara de Melo Tavares, da Escola de Enfermagem da UFF, e sua orientanda de mestrado, Sonia Silva Paiva Mota Gonçalves, foi realizada entre julho de 2005 a janeiro de 2006, com 30 enfermeiros de cinco municípios da Região Centro-Sul Fluminense: Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios.

Na região selecionada, que possui 153.610 habitantes, os programas da Política Nacional de Atenção ao Usuário de Álcool e outras Drogas ainda não foram implantados. Entretanto, os enfermeiros, mesmo sem realizarem capacitação para lidar com essa população específica, assumem o cuidado à clientela, confirmando sua liderança histórica em práticas educativas e promocionais em saúde.

Segundo afirma a professora Cláudia Mara, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Ensino, Criatividade e Cuidado em Saúde e Enfermagem, a experiência com a atenção a usuários de álcool e drogas coloca o enfermeiro face a face com inúmeros desafios: trabalhar numa perspectiva diferente daquela aprendida na formação acadêmica, altamente prescritiva e centrada na doença; enfrentar a sua própria ansiedade, insegurança, preconceito e até incapacidade para lidar com o usuário de álcool e drogas; programar atividades com base em políticas ministeriais que ainda não estão consolidadas na região e nem valorizadas pelos gestores locais; criar protocolos de atendimento que permitam o monitoramento e avaliação de ações de enfermagem desenvolvidas junto ao usuário de álcool e drogas na região; e trabalhar em equipe e em rede, de forma a assegurar a integralidade da assistência.

Diante da relevância que o problema de álcool e outras drogas assume para a saúde pública, considera-se que o preparo de profissionais de enfermagem para atuar junto a essa clientela deva ocorrer em toda a rede de saúde. A capacitação deve privilegiar uma abordagem transversal e interdisciplinar dos problemas vivenciados em cada local de trabalho, pois, quando ocorre uma aprendizagem significativa, o enfermeiro atua de forma mais criativa e engajada.

Contato para a imprensa - Professora Cláudia Mara de Melo Tavares, pelo telefone (21) 2629-9456.

Fonte: UFF Notícias

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